sexta-feira, 8 de outubro de 2010

VIDA MISSIONÁRIA




Tudo começa no dia de nosso Batismo.

A partir desse dia e ao longo de nossa vida uma voz se faz ouvir: “Ide, por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc. 16,15) e “Ide, pois, ensinai todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt.28,19).

O Batismo confere a todo cristão este direito e este dever de ir pelo mundo afora e anunciar a Boa- Nova de Jesus Cristo – a única verdade que salva – a toda criatura.

Este mandato proclama e fundamenta a Missão da Igreja, continuadora da missão do próprio Filho de Deus, Jesus, o enviado do Pai, na força do Espírito Santo.

Por isso, encontramos em vários documentos da Igreja afirmações como estas: a missão da Igreja é evangelizar; a evangelização é sua essência; a missão faz parte da própria natureza da Igreja ... E ainda: a Igreja, se não for missionária, não é a Igreja de Jesus Cristo.

O Documento de Aparecida diz que todo discípulo é missionário, pois Jesus o faz partícipe de sua missão e, ao mesmo tempo, o vincula a Ele como amigo e irmão.(144)

Ao longo desses dois milênios muita gente – crianças, jovens, casais, anciãos – têm vivido esta paixão por Jesus Cristo e anunciado a Boa-Nova do Reino, como discípulos missionários, pelos cinco Continentes.

Penso já pertencer ao passado a concepção de ver a vida missionária como privilégio apenas de alguns padres e religiosos. Há algum tempo, muitos leigos e leigas se comprometem com a missão além-fronteiras. Estes descobriram que, em virtude do seu Batismo, são discípulos missionários e isto deve dar o “tom” às suas existências; deve dar sentido às suas vidas.

A vida de São Francisco Xavier e de Santa Terezinha do Menino Jesus – Padroeiros das Missões – sintetizam perfeitamente as duas dimensões da Missão.

São Francisco Xavier deixou seu país de origem e dirigiu-se à Ásia, anunciando Jesus e batizando muitos povos; Santa Terezinha viveu durante nove anos num Convento, como carmelita, em seu próprio país sem nunca dali sair.

Tanto o partir como o ficar é necessário pois, o importante é deixar o Espírito de Deus modelar nosso coração e transformá-lo num coração missionário, sempre aberto às dimensões do Amor de Deus, na perspectiva da universalidade da salvação em Jesus Cristo, sem nunca se esquecer que o horizonte da missão é o mundo, a humanidade no seu todo. Isto qualifica uma vida missionária.

Em minha juventude sonhei em viver como missionária, na Amazônia entre os povos indígenas ou em algum país do Continente Africano.

Todavia, logo compreendi que havia um apelo de Deus para permanecer em minha terra natal, semeando o ideal missionário, colaborando na formação e animação missionária nas comunidades paroquiais, nas dioceses de São Paulo e do Brasil.

Aqueles e aquelas que se apaixonam pela missão nunca se decepcionam porque semeiam Vida, semeiam o Reino de Deus. Antes, experimentam-na e se tornam pessoas cheias de esperança, mensageiras da Palavra e da Verdade, da Alegria e da Paz.

Ao longo desta caminhada, quanta gente boa conheci! Pude ouvir e partilhar nossa fé em Jesus Cristo e em sua Igreja. Passei por inúmeras comunidades nas cidades, nas periferias, na zona rural, nos sertões, na floresta, nos vilarejos e nas margens dos rios.

É maravilhoso a gente bater à porta de uma casa ou encontrar-se com alguém, trocar um sorriso e tabular uma conversa, totalmente livre e feliz em poder fazer-se próximo do outro como um “mendigo” que leva um tesouro e o oferece gratuitamente porque também o recebeu gratuitamente. E depois, ouvir de um e de outro – apareça outras vezes, foi muito bom partilhar a Palavra... Estou em paz! Ou então: quando falamos de Deus sinto-me resgatado em minha dignidade de filho de Deus! Ou ainda: venha conhecer minha casa, achei legal você falar de Deus comigo!

Encontros esses que se deram seja numa viagem de trem, a cavalo, de ônibus, de avião ou de barco; numa estrada de terra batida, numa praia ou numa capelinha à luz de lampião. Na procissão, com o andor de Nossa Senhora Aparecida ou do Santo Padroeiro, com as crianças carregando o globo (o mundo, no dizer delas) e o terço missionário e cantando a glória de Deus com os anjos do céu! Nas celebrações Eucarísticas ou da Palavra de Deus, momentos de céu! E que dizer da alegria ao ver um senhor de idade avançada que, trêmulo, se dirige ao confessionário depois de 38 anos sem receber o Corpo do Senhor!

No coração do missionário, nestes momentos de fé, de muito amor e de esperança a certeza do céu que baixa sobre a terra e da terra que sobe aos céus!

Tarefa exigente, silenciosa, persistente, de sempre. Pois, necessário é proclamar, a cada geração, o mandato do Senhor: “Ide, pelo mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” e necessário é criar e consolidar a cultura missionária em nossas Igrejas locais.

Por isso, com o Apóstolo Paulo, possamos dizer do fundo do coração: “Ai de mim se eu não evangelizar”.









Maria Aparecida Gomes da Silva

Auxiliar do Apostolado na Diocese de Lorena

Professora da rede pública aposentada

Coordenadora do Conselho Missionário Diocesano

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